domingo, 3 de janeiro de 2010

Saudade


"Mesmo que nossos lábios não se cruzem novamente, posso dizer em silêncio, tudo aquilo que ficou escondido para sempre. Haverá momentos em que nossos pensamentos se encontrarão no espaço, e assim,sentiremos falta de estarmos juntos novamente".
                                                                                                                               (JANIS JOPLIN).

Saindo da roda.

          É assim todo comecinho de ano:balanço geral. erros e acertos analisados, listas de "esse ano quero isso" e "esse ano eu não quero mais aquilo"...como se a vida pudesse ser posta e organizada em pastas ou caixas. sim, eu também tenho meus rituais,meus desejos e prioridades claro, mas nesse finalzinho de 2009 eu passei assim por dizer por circunstãncias que me impelem a busca de uma ação realmente tranformadora ou tudo que está aqui louco para florescer ficará outra vez preso aqui dentro e terminará por me implodir literalmente como aconteceu agora...retirados os  escombros dessa implosão resta-me um enorme espaço vazio, o que fazer dele? um imenso memorial onde velarei meus fantasmas , tipo aquela coluna ao redor da qual  os prisioneiros de "O expresso da meia noite" andavam, melhor, se arrastavam em círculos, completamente imersos em desesperança e insanidade? ou rompo o círculo ante o olhar atônito e vazio da maioria e corro pra a liberdade? com certeza fico com a segunda opção. O espaço está aqui ao meu dispôr: um ano novinho em folha, um a vida inteira pela frente e mesmo que ela tenha de durar mais só dois dias ou mais 20 anos, só eu e mais ninguém é responsável pelo que virá. peguei tudo de 2009, as coisas  boas que foram muitas e as coisas ruins que não foram poucas ,a todas agradeci, tudo foi válido, tudo foi para aprendizado e crescimento. mas que fiquem lá. eu quero o novo, eu quero o desconhecido, eu quero simplesmente viver: livre da culpa, do apego, da autocrítica, das perdas, de tudo. a gente morre e nasce quantas vezes for preciso para cumprir nossa jornada aqui nessa terra. estou limpa e curiosa como uma criança.se dá medo?ás vezes,mas só como instinto primário de auto defesa, nada daquela covardia que me fazia preferir viver numa prisão de amargura ao vez de pular os muros dela, mesmo ganhando um arranhãozinho aqui um pé torcido acolá... eu não saí ilesa, mas saí inteira! nada maior que essa enorme vontade de viver e viver pela arte, pela busca de coisas mais altas e mais além dessas pequenas questõezinhas medíocres que não nos levam a nenhum lugar a não ser ao mesmo fundo de poço da inércia. na verdade eu nem sei o que quero mas do que não quero mais pra minha vida estou absolutamente certa.O expresso da meia noite me espera, mas acho que vou pegar mesmo é o trem das sete! [;)]
"LIBERDADE É POUCO: O QUE EU QUERO AINDA NÃO TEM NOME..."
(Clarice Lispector)